Trajetórias profissionais de professoras das escolas comunitárias

Abstract

O objeto de estudo é a trajetória profissional de professoras engajadas em movimentos de educação popular, problemática que faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre as histórias de vida de professoras de escolas comunitárias (PEC) da cidade de Recife, Pernambuco. Abordar essa problemática por meio da trajetória de vida das professoras comunitárias permitiu desvelar respostas às seguintes questões, que orientaram a investigação: Quais eram as motivações que levaram essas mulheres a tornarem-se PEC? Será que a feminilização da atividade docente, fenômeno que se estende por todo o século XX, pesou de forma importante sobre a decisão de aderir ao movimento das escolas comunitárias? Será que o fato de ser militante do movimento popular ou da Igreja das comunidades de base (CEBs) também contribuiu? As trajetórias das PEC foram reconstituídas a partir de dados biográficos, coletados por meio de uma enquete por questionário aplicado em uma amostra da população de professoras de duas regiões de maior concentração de EC na cidade de Recife e de dados qualitativos resultantes de entrevistas junto a 26 professoras. A análise da trajetória das PEC revelou como resultado mais significativo a existência de uma relação de ambigüidade que pode ser assim formulada: enquanto a situação de grande mobilidade não for superada, a atividade docente na escola comunitária dificilmente será profissionalizada. Palavras-chave: Trajetória profissional; Professor comunitário; Escola comunitária; Educação comunitária; Ensino profissionalizante. The study focuses on the professional way of school teachers involved in community education movements. That issue is included in a wider research on life trajectory of community school teachers (CST) in the city of Recife, State of Pernambuco, Brazil. The approach to that matter through life experience of these community teachers has allowed to answer following questions as well as has oriented the research work: Which motivations have led those women to become CSTs? Does feminine imposed nature of teaching activity, which was a characteristic of the XXth century, substantially influenced their decision to adhere to community school (CS) movement? Did that influence come from their engagement in popular movement or in Church's base communities (CBCs/CEBs)? CSTs trajectories have been reconstituted from biographic data collected using survey methodology in a sample of teachers from two areas with a more significant concentration of CSs in the city of Recife; as well as from qualitative data collected from interviews with 26 of those teachers. The most significant finding of these analyses has been the presence of an ambiguous relationship which can be formulated as follows: as long as those teachers mobility does not be reduced, teaching activity at community schools can hardly be professionalized. Keywords: Professional Trajectory; Community Teacher; Community School; Community Education; Teaching Professionalizing.