O exilado e o lugar da "posição terceira" na sua construção "identitária"

Resumo

RESUMO O exílio escolhido aparece como aquele que, distante de razões políticas, econômicas e étnicas, marca uma reconstrução identitária, no sofrimento e no desafio, guiada pela idealização do desconhecido. A busca de um exterior é preenchida, porém, em um segundo momento, por emoções contraditórias, por vezes persecutórias e agressivas. A partir daí poderá existir um abalo nos processos de identificação secundária do sujeito (identificação ao projeto do EU) onde a noção de temporalidade será igualmente perturbada. A conceitualização de Jacqueline Barus-Michel sobre três formas de vínculos: necessidade, sentimento e constrangimento, ajuda a colocar em evidência os paradoxos e a complexidade na formação do processo de filiação e afiliação dos exilados. O trabalho é concluído, assinalando a importância da presença de uma "posição terceira", que separe e concilie os efeitos de traumas e crises, e facilite a identificação com o quadro cultural, ideológico e afetivo do país de exílio. Estado derradeiro, enfim, que reativa um "projeto de vida" e pode garantir o pertencer com "pertinência" a um lugar. PALAVRAS CHAVES: Exílio. Identificação secundária. Vínculos afetivos-sociais, Filiação. Afiliação. "Posição terceira" - le tiers. ABSTRACT v.32, n. 2, p. 241-257, jul./dez., 2008 Far from political, economic or ethnical reasons a "choosen exile" is deem to be one's identity's construction based on affliction and challenges guided by an idealization of the unknown. The search for an exterior is filled in, but only in a second moment because of contradictory emotions which are sometimes of an agressive and persecutory nature. These circumstances might affect not only the subject's secondary "identification" process (identification to the "ego" project) but also the notion of time. The Jacqueline Barus-Michel's conceptualisation of three forms of bonds necessity, feeling and embarassment helps to demonstrate the paradox and the complexity in the exile's process of "filiation" and "afiliation". To conclude, the author tends to demonstrate the relevance of a "third party" "tiers" which could separate and cociliate the effect of trauma and crisis, and which should facilitate the identification with the culture, the ideology and the affection of the exile's Estate. This last condition reactivates a project of life and can guarantee the belonging with relevance to a space. KEYWORUS: Affective Exile. Secondary Identification. Social-affective Bonds. Filiation, Afiliation, "third party" - le tiers. RÉSUMÉ v.32, n. 2, p. 241-257, jul./dez., 2008 L'exil conceptualisé ici est celui qui, étranger aux raisons politiques, économiques et ethniques, induit d'abord une reconstruction identitaire, dans la souffrance et dans le défi, guidée par l'idéalisation de l'inconnu. La quête d'un ailleurs est submergée, dans un deuxième temps, par des émotions contradictoires parfois persécutoires et agressives. Peut alors apparaître une faiblesse du processus d'identification secondaire du sujet (identification au proj et du Je) où la notion de la temporalité sera également perturbée. La conceptualisation de Jacqueline Barus-Michel sur les trois formes de liens: nécessité, sentiment et contrainte, aide à mettre en évidence paradoxes et complexité dans ia formation du processus de filiation et d'affiliation des exiles. Le travail s'achève en soulignant l'importance de la présence d'un « tiers » qui sépare et concilie les effets de trauma et de crise et puisse faciliter l'identification de l'exilé avec le cadre culturel, idéologique et affectif du pays d' accueiI. Etat final qui ravive un projet de vie (le proj et du Je) et va ainsi assurer une appartenance avec « pertinence » à un lieu et à une collectivité. MOTS-CLES: Exilé. Identification secondaire. Liens affectifs-sociaux. Filiation. Affiliation.