Quanto maior a mudança, maior a estagnação
Pontezinha e Ponte dos Carvalhos, Pernambuco, Brasil, 1965-2022
DOI:
https://doi.org/10.33148/CETROPICOv47n1(2023)art2Resumo
Em 1965, passei dois meses em Pontezinha e Ponte dos Carvalhos, duas pequenas cidades da periferia do Recife. Fiz parte do Projeto Cornell-Brasil, um grupo de estudantes americanos e brasileiros interessados no desenvolvimento do Nordeste brasileiro. Quase seis décadas depois, voltei como Professora Homenageada Fulbright, acolhida pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), para saber o que havia acontecido e buscar pessoas que estavam lá naquele momento. Este artigo é baseado em um trabalho de campo que realizei nessas comunidades entre setembro e dezembro de 2022. Estou particularmente interessada em como esses assentamentos periurbanos foram afetados por macroeventos, incluindo sua incorporação à Área Metropolitana do Recife, em 1973; o fim da ditadura militar brasileira, em 1985; e o boom econômico do vizinho Complexo Industrial e Portuário de Suape, a partir de 2007. Será que essas e outras mudanças contextuais em nível local e nacional resultaram em maior inclusão e oportunidade de mobilidade socioeconômica? Este estudo exploratório indica que, embora, educação e saúde, bens de consumo e materiais de construção melhoraram, a renda local estagnou. Bons empregos permaneceram fora de alcance e as relações sociais ainda carregam o legado da escravidão. A degradação ambiental, o adensamento, a erosão da solidariedade comunitária e o aumento do medo do crime e da violência surgiram como fatores que reduzem a qualidade de vida. A falta de benefícios significativos revela como é difícil a mudança social em um contexto de desigualdade estrutural.
Palavras-chave: Pesquisa longitudinal. mobilidade socioeconômica. Desigualdade estrutural. Assentamentos periurbanos. Pontezinha e Ponte dos Carvalhos. Políticas públicas.
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