Diferença, Cultura e Educação: caminhos e descaminhos
Resumo
A questão da diferença étnica e cultural, no campo da educação, tem se intensificado à medida que crescem as ações destinadas a criar oportunidades iguais para grupos étnicos historicamente excluídos – como a criação, a partir de 2004, do sistema de cotas em universidades públicas brasileiras para alunos negros e indígenas. Também tem contribuído para esse debate o advento de políticas educacionais comprometidas com o respeito à diversidade sociocultural desses grupos, a exemplo da obrigatoriedade do estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e dos Povos Indígenas nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. O presente artigo não pretende analisar os impactos dessas políticas, nem a polêmica por elas suscitada, mas refletir sobre as diversas concepções, presentes em diferentes momentos das ciências humanas e sociais, sobre a diferença étnica e cultural, as quais, direta ou indiretamente, vêm influenciando o debate na educação. Para tanto, partimos da concepção de diferença como uma construção complexa, articulada em negociações e estratégias de representação e poder, distanciada da ideia de identidades fixas, naturalizadas e essencializadas.